A cibercultura é a cultura contemporânea estruturada pelas tecnologias digitais marcada pela dominação ideológica. Neste horizonte epocal, o ciclo da ideologia se cumpre com a necrose do pensamento crítico em prol da subserviência de corpos dóceis. O ódio ao pensamento é expresso pela ausência de questionamento da realidade. O drama silencioso da época em curso abarca a zona de conforto dos tiranos: as discussões, disputas e conflitos estão no lodo da invisibilidade. A perversão foi naturalizada como modelo de mundo.
De acordo com a pesquisadora Marilena Chauí (2023), a ideologia é a expressão da dominação de uma classe sobre outra. Trata-se de um sistema de ilusões que desliza sobre a superfície da sociedade cujo objetivo principal é tornar a dominação invisível.
A lógica em questão está no fato de que caso a dominação de uma classe sobre a outra for diretamente percebida há risco dos oprimidos se revoltarem contra os opressores. Portanto, é tarefa da ideologia ocultar suas intenções políticas e econômicas, promovendo uma narrativa homogênea de que todos os indivíduos são livres e iguais, e que se relacionam espontaneamente dentro de um sistema completamente abstrato.
Para tanto, as ideias aparecem como se tivessem vida própria, e não como se estivessem sido estrategicamente embutidas. Essas “ideias sem autor” (CHAUÍ, 2023) surgem como uma explicação da realidade, que orientam os atores sociais sobre a vida cotidiana. Esse conjunto articulado de ideias é encarregado de silenciar os discursos de oposição, implodindo sobre o social um único discurso: o da classe dominante.
Posto isso, o artigo objetiva refletir sobre a gravidade histórica da expansão dos tentáculos do submundo sobre a superfície das redes interativas.
Coluna da Pesquisadora no Portal Juristas:
https://juristas.com.br/author/priscilagoncalvesmagossi/