O “ritual na mídia” é o assunto tratado na execução desta peça, que traz como tema “a pálida sobrevivência do ritual primitivo na mídia contemporânea”.
Em dimensão geral, a pesquisa promoveu o estudo do sentido mítico-simbólico do ritual das religiões primitivas e a sua atuação na mídia contemporânea enquanto elemento de sincronização, de periodicidade e de previsibilidade.
O problema a ser resolvido refere-se à questão sobre como o formato das religiões primitivas sobrevive de modo saturado na mídia contemporânea, e de que modo lhe foi incorporado.
O procedimento metodológico adotado foi o estudo a partir de uma pesquisa de caráter qualitativo, envolvendo análise e levantamento bibliográfico, além do estudo de caso: o enterro do papa João Paulo II retratado pelas mídias impressa e televisiva.
A justificativa pela escolha do tema se deu pela hipótese e posterior constatação de que tanto o homem arcaico, com sua estrutura de pensamento mágico-mítico, quanto o homem atual, com sua estrutura de pensamento racional-filosófico, alimentam-se do ritual de dimensão coletiva como tentativa de suprir o vazio existencial proporcionado pelo surgimento da consciência.
A conclusão a qual se chegou durante este estudo foi a de que apesar de distorcido e banalizado pela mídia, a função de reorganização simbólica do ritual permanece notável na mentalidade do homem contemporâneo, e é por esta razão que a mídia apropria-se do seu formato para a satisfação dos seus interesses imediatos, tais como fascínio, encanto, influência e estereotipagem.
Dessa forma, a pesquisa objetiva contribuir para os estudos da comunicação e da cultura, além de demonstrar o modo pelo qual os meios de comunicação de massa usurpam o recurso arquetípico do ritual.