A presente dissertação de Mestrado está dedicada ao estudo da aplicação de alguns elementos rituais pela mídia de massa, como tentativa de suprir o vazio existencial, proporcionado pelo surgimento da consciência no homem genérico.
A justificativa da escolha do tema repousa na percepção de que tanto o homem primitivo, com sua estrutura de pensamento mítico, quanto o homem atual, com seu pensamento linearmente formulado, alimentam-se do ritual de dimensão coletiva.
Entende-se por ritual um conjunto de ações, caracterizadas por seu valor simbólico, para determinado grupo social. Tanto as ações quanto o simbolismo não são escolhidos livremente pelo indivíduo, mas ditados por uma fonte externa. No caso do homem primordial, a fonte relaciona-se aos mestres da cerimônia religiosa. No caso do sujeito contemporâneo, a fonte refere-se ao poder de influência da mídia de massa.
Nesse sentido, a intenção do trabalho de pesquisa é mostrar como a mídia de massa utiliza o recurso arquetípico do ritual, transportando seu núcleo de sentido para a satisfação dos seus interesses imediatos: fascínio, encanto, infiltração e estereotipagem.
Sob a vertente da Semiótica da Cultura, a dissertação objetiva contribuir para os estudos de comunicação e cultura, visando o resgate da complexidade nos meios de comunicação.
O problema de pesquisa diz respeito à questão de como o formato do ritual primitivo sobrevive, de modo saturado, nos meios de comunicação de massa, e de que modo lhes foi incorporado.
A conclusão do estudo foi a de que, apesar de distorcido e banalizado, os princípios de reorganização simbólica do ritual continuam a exercer notável influência na mídia e na mentalidade do sujeito contemporâneo.
Referente às questões metodológicas, o procedimento adotado foi uma pesquisa de caráter qualitativo, envolvendo crítica e levantamento bibliográfico. Para estabelecer a relação desejada entre conteúdo arcaico e mídia de massa foram selecionadas como referencial teórico a semiótica da cultura (centradas nos autores I. Bystrina, M. S. Contrera e N. Baitello Jr), a teoria da comunicação (de B. Cyrulink, K. Lorenz, V. Flusser e V. Romano), as teorias da mídia e do imaginário (baseadas nos textos de D. Kamper e H. Pross), entre outras áreas do conhecimento e outros autores, tais como, E. Morin, J. Hillman, M. Berman, N. Sevcenko e Z. Bauman.