O presente artigo elaborado em coautoria com o pesquisador Jorge Miklos para o III ENCONTRO VIRTUAL DA ABCIBER — CONFLITOS E UTOPIAS NOS ESPAÇOS: Mobilizações no digital”, destinado especificamente para o “Grupo Temático 01: Apocalipse de Conflito”, aborda o fenômeno da masculinidade tóxica e da masculinidade flácida em contexto específico da cibercultura, isto é, o homem reprogramado pelo submundo da cultura digital.
Trata-se de uma alteração dramática, de porte corrosivo, potencialmente irreversível, tanto na libido quanto no sistema afetivo do indivíduo do gênero masculino, propositalmente provocada por feeds hipersegmentados, nos quais são apresentadas imagens hiper-reais, cujos algoritmos intencionalmente objetivam reprogramar a ideologia do imaginário masculino.
No intuito de limitar completamente a potência do imaginário, transformando-o em mero flagelo obscuro domesticável, os proprietários dos sites adultos direcionam todo conteúdo erótico do ciberespaço para as seguintes vertentes: (i) masculinidade tóxica e (ii) masculinidade flácida.
Nesta perspectiva, o conceito de masculinidade tóxica refere-se ao indivíduo que, reprogramado pela perversão, está condicionado a naturalizar a violência (física e simbólica) contra a mulher. Já o conceito de masculinidade flácida aplica-se ao homem que, reprogramado pela inversão, é encorajado a cometer a violência (física e simbólica) contra si próprio.
Em termos psíquicos, subjetivos, afetivos, sexuais, sociais e culturais, ambos os processos são torturantes para o homem e dificultam a realização do indivíduo como potência. Em termos econômicos, ambas as vertentes são lucrativas para o setor adulto que vende o veneno como antídoto propositalmente.