O artigo elaborado em coautoria exclusivamente para o III Congresso da @ABCIBER “Conflitos e Utopias nos Espaços: Mobilizações no Digital” aborda o fenômeno da masculinidade tóxica e da masculinidade flácida em contexto específico da cibercultura, isto é, o homem reprogramado pelo submundo da cultura digital.
Trabalha-se com a hipótese de que a indústria adulta digital esteja propositalmente destruindo o sistema de símbolos que compõe o imaginário masculino e substituindo-os por estímulos simulados por meio de uma confusão semântica na ordem dos significantes mais nobres da subjetividade humana que confundem propositalmente “interação com o outro” com controle DO outro.
Sendo assim, o homem reprogramado pelo submundo do ciberespaço é o indivíduo do gênero masculino heterossexual que está sofrendo alteração dramática e mutação sensorial, de porte corrosivo, potencialmente irreversível, tanto em sua libido quanto em seu sistema afetivo, a partir da normatização da perversão nas seguintes vertentes: (i) masculinidade tóxica e (ii) masculinidade flácida específicas da indústria adulta digital.
Neste sentido, compreende-se a masculinidade tóxica no contexto do submundo como sendo o homem reprogramado pela perversão, isto é, o homem heterossexual encorajado por sites adultos à naturalizar a humilhação contra a mulher na rede, notadamente por meio de máquinas e instrumentos de tortura que controlam o corpo feminino online em tempo real — mas que são cinicamente anunciados como “brinquedos interativos”.
Já a masculinidade flácida no contexto do submundo refere-se ao homem reprogramado pela inversão, isto é, define-se pelos cenários de perversão nos quais o homem heterossexual paga para ser humilhado, chantageado e ridicularizado por mulheres na rede em tempo real.