“Abandonais toda a esperança, vós que entrais no Inferno”.
— Dante Alighieri
O artigo proposto para o III CONGRESSO VIRTUAL DA ABCIBER aborda o fenômeno da reprogramação ideológica do imaginário que vem sendo propositalmente fabricada pela vigilância algorítmica do submundo da cultura digital, com foco na masculinidade tóxica (reprogramação via perversão) e na masculinidade flácida (reprogramação via inversão).
O conceito de masculinidade tóxica, segundo Maghfiroh (2017), consiste no processo de socialização que determina o comportamento do homem, no qual o indivíduo aprende a reproduzir o que é ensinado por meio da cultura heteronormativa e patriarcal.
Já o conceito de masculinidade flácida aplica-se ao homem que, submetido a um sofrimento psíquico, não consegue, por inúmeras razões, se adequar aos padrões normativos da masculinidade.
Tanto o masculino tóxico quanto o masculino flácido referem-se à processos torturantes para o homem cujo padrão arquetípico desvia-se da sua subjetividade, provocando dificuldades para a realização do homem como potência.
O submundo da cultura digital, isto é, a indústria adulta atuante exclusivamente no ciberespaço, por sua vez, intensifica essa problemática ao realizar na surdina o exato oposto do que é anunciado em sua publicidade.
A manobra é feita por meio de uma confusão semântica na ordem dos significantes mais nobres da subjetividade humana que confundem propositalmente “interação” com controle do outro e “empoderamento feminino” com sobrevivência financeira.
Isto é, fabrica-se a doença justamente para existir a possibilidade de se criar uma mercadoria precificável que é anunciada cinicamente como “antídoto”, sendo que o intuito é transformar a instância civilizatória em mero flagelo humano obscuro domesticável.
Priscila Magossi e Jorge Miklos