A obra investiga as ritualidades cotidianas no ciberespaço, privilegiando as redes sociais Twitter e Facebook. Nesse quadro temático, as ritualidades representam vetores essenciais de ordenação da experiência coletiva, uma vez que a imersão digital e a interação em tempo real tornaram-se exigências do período em curso. Nas redes interativas estão definidos os (frágeis) critérios de participação e pertencimento nos quais a sociedade tecnológica atual está apoiada.
Favorecidas pelo anonimato, as ritualidades das redes sociais refletem a (falta de) lógica da cultura pós-moderna, isto é, sugerem uma sensibilidade confusa, sem rumo, fundamentalmente caracterizada por diversas micro-histórias, precárias e mutantes, que correm em paralelo, marcadas pelo consumo desenfreado, vínculos frágeis e fugazes, que desembocam na fragmentação do cotidiano. Em outras palavras, é como se a vida passasse necessária e problematicamente por redes sociais, e a existência atual estivesse fatalmente vinculada à procura incessante por reconhecimento, prestígio e fama difusa.
Portanto, desvelar o modo pelo qual os processos de comunicação e ritualização estão estabelecidos no ciberespaço significa desvendar a fronteira pela qual a civilização tecnológica atual redefine as noções de tempo e espaço, público e privado, próximo e distante, ficção e realidade, e assim por diante.